terça-feira, 17 de outubro de 2017

Rumo a um "novíssimo ordo missae"?




Na web www.maurizioblondet.it de 10 de setembro de 2017, leio que uma Comissão vaticana estaria preparando textos litúrgicos ad experimentum para a celebração de «missas ecumênicas».

Por exemplo, na Diocése de Turim, o grupo ecumenista «Spezzrare il pane» [Partir o pão, ndt], dirigido pelo senhor Fredo Oliviero, apoiado decididamente pelo bispo de Turim, mons. Cesare Nosiglia, começou a celebrar ecumenisticamente a missa junto aos valdenses, aos ortodoxos, aos anglicanos e aos luteranos.
Cada mês se reúnem e celebram, uma vez na «casa» de um e outra na de outro, todos juntos e todos na mesma mesa eucarística, oficiando segundo a liturgia da «casa» que lhes hospeda e tomando todos a comunhão. O essencial é a pertença comum ao «cristianismo» e não a especificidade católica, luterana, anglicana ou valdense.
Desde Turim, esta prática começa a difundir-se em outras Dioceses diferentes.


O que impressiona ainda mais é o fato de que para viver juntos a «Novíssima Missa» de Bergoglio, que deveria substituir a «Nova Missa» de Montini (1969), não se exige aderir-se a uma teologia única sobre a Eucaristia, mas é suficiente o respeito à opinião de cada um em matéria de Missa ou de Eucaristia.
Pelo que diz respeito à natureza da Presença Real de Jesus na Eucaristia se passou da presença física à presença comemorativa, na que as espécies do pão e do vinho transignificam o Corpo de Jesus: não o contém real, física e substancialmente, mas o simbolizam ou significam; não se fala já de transubstanciação mas de transignificação, isto é, quando Jesus disse: «Isto é Meu Corpo» queria dizer: «Isto significa Meu Corpo, não o é real e fisicamente, mas só espiritual, representativa ou simbolicamente».
Dentro em pouco deverão sair as «Linhas Mestras» litúrgicas oficiais desta «Novíssima Missa» ou «Novissimus Ordo Missae» bergogliano.
Mas fizeram as contas sem o Posadero. Em efeito, «Deus permite que se faça (a Nova Missa), mas não que passe (a Novíssima Missa).
* * *
Se fala também de um «Novíssimo Movimento Litúrgico» para abolir, incluso, a Instrução do Concílio Vaticano II sobre «A reta aplicação da Constituição sobre a Liturgia» (Liturgiam Authenticam), que estaria já superada porque estabelece o reconhecimento dos textos litúrgicos aprovados pelas Conferências Episcopais e da correta tradução na língua vernácula.
O «Novíssimo Movimento Litúrgico» quer dar maior liberdade às Conferências Episcopais ab-rogando o «reconhecimento / recognitio» previsto pela Constituição Liturgiam Authenticam.
Com o pontificado de Francisco, a doutrina não tem já o primado, o qual corresponde já à praxe. Portanto, o essencial é mudar a praxe ainda que se diga (mas não se demonstre) que a doutrina permanece imutada. Isto não só para a moral matrimonial e a prática sacramental, como também para a Liturgia.
Portanto, se caminha alegremente rumo a uma «prece eucarística» ou «missa» ainda mais ecumênica que a «Nova Missa» montiniana, dando às Conferências Episcopais liberdade para experimentar novas traduções dos textos, para que sejam cada vez mais conformes à mentalidade do homem contemporâneo.
Daí o problema candente de um «Novo Cânon da Missa» ou «Nova Prece Eucarística» (em grego «Nova Anáfora») para ir ainda mais ao encontro dos protestantes, sobretudo nos Países germânicos e anglo-saxões, onde os católicos convivem com o Luteranismo. Se está, por isso, pensando em um Cânon que possa ser recitado juntos por «católicos» e protestantes, sem que seja embaraçoso para nenhum dos «concelebrantes».
Já em 2001, o «Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos», presidido então pelo card. Walter Kasper, promulgou um Documento que reconhecia a validez da Anáfora, ou seja, do Cânon de Addai e Mari (a missa da igreja nestoriana), documento aprovado pelo então card. Joseph Ratzinger e pelo papa João Paulo II. Esta Anáfora não contém as palavras da consagração em um determinado momento e de maneira específica, mas as contém espalhadas ou disseminadas nas diversas orações que compõem o Cânon, isto é, não de maneira explícita como ainda o são na «Nova Missa» montiniana, ainda que em forma narrativa entre dois pontos («Tomou o pão, o partiu e disse: tomai e comei todos vós. Porque isto é meu corpo»).
A Anáfora (ou o Cânon) de Addai e Mari, portanto, seria utilíssima para chegar à «Novíssima Missa» sem palavras explícitas de consagração, a qual poderia, assim, ser utilizada por todos: «católicos» e protestantes.
Ignatius

Fonte: Adelante la Fé - Hacia un “novissimus ordo missae”?

(Traduzido por Airton Vieira)

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