quarta-feira, 5 de abril de 2017

A condução materna da filha para o Sacramento da Confirmação

Resultado de imagem para mae e filha rezando


Mas não é para grande número de criança a primeira comunhão a única munificência de Deus neste dia bendito. A confirmação esta outra maravilha do seu amor, este outro canal dos seus benefícios, este outro amparo da nossa franqueza; a Confirmação vem corroborar e concluir a obra começada pela Eucaristia. O Espírito Santo quer selar o coração em quem entrou Jesus Cristo; vínculo de amor entre o Pai e o Filho, deseja também sê-lo entre o Filho e a alma. Chega para enchê-la desse amor que é o único puro, que é o único santo, que é o único grande; desse amor, perfeição do cristianismo e o próprio cristianismo; porque, da parte de Deus, produziu a redenção com as suas ignomínias e seus esplendores; e, toda a verdade que apareceu na terra.


Este amor sagrado da àquele a quem penetra sabedoria, inteligência, força e até a ciência de Deus; aconselha-o, inspira-lhe a verdadeira piedade, o único temor saudável. Estes são, com efeito, os magníficos presentes, os sete dons que vem trazer à alma o Espírito Santo, e para reunir todos, basta nomear aquele de que todos emanam: o amor de Deus, a caridade.

Eis aí porque julgou a Igreja, sabia, - e até diria razoável em tudo, se não soubesse que todas as suas inspirações provem da loucura da cruz, - distribuiu no mesmo dia e à mesma alma os seus mais ricos tesouros: a Confirmação e a Eucaristia. Eis aí porque pensou que podia a mesma preparação levar à Eucaristia que, obra-mestra do amor, proporciona as suas doçuras, e conduz à Confirmação, consagração do amor e sagrado manancial em que se adquire o seu valor.


Só é sólido um império, disse Sêneca, quando tem por base o amor. Este pensamento por desgraça, bela utopia frequente em política, é em religião a mais perfeita exatidão. E como poderia ser de outro modo? Deus é amor (São João)! Ele mesmo, pois, quer servir de alicerce a este edifício interior, cuja construção está obrigado a adiantar diariamente todo cristão; ele mesmo é a base deste império que só é duradouro, apoiado nele, sustentado por ele e governado por ele.

Bem o sabe a Igreja; sabe que é sempre este sentimento do amor o primeiro obstáculo da virtude quando ele não é o seu primeiro mobil, e por isso é que na aurora da vida, no  momento em que se assentam os alicerce, e que se forma o homem interior; no momento dessa adolescência indecisa e agitada, joguete do sopro das paixões nascentes, que vacila ao sabor delas, busca um apoio e cai se não o encontra bastante sólido; neste instante importante e decisivo, reúne os seus esforços, benefícios e prodígios, para assentar esta pedra angular do amor de Deus contra a qual nuca prevalecem as portas do inferno.

Muitas vezes no espaço de vinte e quatro horas, recebe a criança os três sacramentos; Penitência, Eucaristia e Confirmação. Teve apenas tempo para respirar e exclamar: A minha alma glorifica ao Senhor e meu espírito está arrebatado de alegria (São Lucas)! Quando um novo favor, sucedendo ao primeiro, a vem derribar, como outrora ao Apóstolo das nações, para que diga ao levantar-se: Senhor! Que quereis que faça? (Atos dos Apóstolos)E para que possa também fazer este magnífico desafio às aflições, às perseguições, à fome, à nudez, aos perigos, à violência, às potestades, às coisas presentes e futuras: quem me separará do amor de Jesus Cristo (São Paulo)?

E se, açoitada pelas tempestades das suas paixões, atraída pelos encantos do mundo, fatigada pela rebelião dos sentidos, deixar escapar o seu peito oprimido este clamor de aflição: Quão desgraçado sou! Quem me livrará deste corpo mortal (São Paulo)? Lhe responderá uma voz interior: Será a graça de Deus por Jesus Cristo. É para ela uma verdade demasiado certa que morremos com Jesus Cristo, viveremos também com ele; que sofreremos com Jesus Cristo, reinaremos também com ele; mas que se renunciarmos a ele, também ele renunciará a nós. E como foi alistada no serviço de Deus, como prometeu ser um bom soldado de Jesus Cristo, como foi alimentada do autor de todo dom perfeito e cheia de seus preciosos dons, não é ela quem vive mas Jesus Cristo que vive nela. Sim, esta criança transformada ver-se-á talvez perseguida por todas as espécies de aflições, mas não será oprimida por ela, porque pode tudo naquele que a fortalece; sabe que as dores desta vida não tem proporção alguma com o peso imenso da glória de Deus lhe prepara, e que quanto maior parte tivermos nos sofrimentos de Jesus Cristo, tanto maior a teremos também nas suas consolações. Com efeito, tudo é dela, desde o dia em que se deu a ela Deus; mas também ela é de Jesus Cristo e Jesus cristo é de Deus! Ah! Jesus Cristo é a nossa paz! Ele é quem de dois faz um só comunicando-se a nós, incorporando-se consigo. Ele destruiu um muro de separação entre o céu e a terra, entre o nada e a imensidão, entre a alma degenerada da criança e a suprema santidade d’Aquele que é.

Estes sublimes pensamentos são o magnífico séquito de Jesus Cristo e do Espírito Santo no dia em que entram, em nome do Padre, numa alma fervente e pura; depositando-se nela como outros tantos preciosos germens cujo constante desenvolvimento deve ao mesmo tempo ampliá-los e iluminá-los. Grandes e santos pensamentos, Deus meu! Fecundos troncos cujos ramos abrigarão toda a vida da criança e a alimentarão com seus frutos, sempre maduros, porque não vive só de pão.(São Mateus).

OBS:  “A religião é a que semeia os grandes pensamentos no entendimento e os nobres sentimentos no coração. Sem ela se debilitam os caracteres, se comprimem as almas e se acanham as inteligências”, nos diz o sr. Padre Dourif; porém os sacramentos são os agentes diretos da religião para depositar aquelas sementes, e o cristianismo sem sacramentos nada desenvolve.

Ah! Recorda com frequência à menina, durante os anos que seguirem, o fervoroso e prático reconhecimento prometido ao Deus da Eucaristia; mantém os sentimentos de piedade e de horror ao mal, suscitados nela durante a preparação e confirmados pela primeira comunhão. Desde aquele instante já não a trate como criança; fala com ela de coisas sérias, e discorrei até, pois já está bastante adiantada para o fazer, mas não para fazer bem se a deixares só. Além disso é este o momento de lhe cultivar ativamente a inteligência por meio da instrução; e já não tem os estudos profanos o mesmo perigo para a menina assim aromatizada, segundo a expressão de Bacon, ou, falando como o conde de Maistre, assim impregnada de religião.

Porém, assim como antes da primeira comunhão, tem deveres que cumprir, mãe cristã, e por isso não adormeça tranquilizada com demasiada facilidade a respeito do futuro pelo resultado do passado. Vela, obra, ora, treme sempre e espera muito. Não deixes tu a quem chame um padre da Igreja o sacerdote da família, introduzir-se na alma dos teus fiéis o desgosto das práticas piedosas; realizai-a ainda juntas se é possível; e mantém o fogo sagrado com zeloso e assíduo cuidado. Todavia zela também para que não obrigue um momento de entusiasmo piedoso, de fervor passageiro e exaltado a fazer a estas jovens cristãs mais do que lhes permitiam a sua posição, as suas forças, e até algum dia a sua vontade.

Não permitas que em torno de ti se descuidem de colher o maná incorruptível, o pão dos céus, sem o qual se morre de debilidade e de fome no campo de Israel. Se desaparece a regularidade na frequência dos sacramentos, se se passam os meses neste fatal letargo, recorda primeiro indiretamente a tua filha os teus deveres; mas se não bastam os meios indiretos, emprega os diretos; e sem a constranger, porque não recebe de Deus homenagens forçadas, renova-lhes as recomendações já feitas; mostra-lhes o perigo duma negligência sempre seguida doutra, e cujo resultado final é essa tibieza que Deus rejeita e amaldiçoa. Prega com o exemplo propondo-lhes irem juntas a receber  o Deus da sua primeira comunhão; mostra-te tão  penetrada como indiferente ela parece; fala-lhe essa linguagem do coração, especialmente revelada à mãe, e veras derreter-se pouco a pouco o gelo e não a enganará a recordação, objeto da vossa esperança (Jeremias).


Fonte: A mulher cristã desde o nascimento até a morte – Mme. M. de Marcey

Nenhum comentário:

Postar um comentário