segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Irenismo do Papa Francisco no domingo de Pentecoste





Para entender os gestos de Francisco e para avaliar em sua catolicidade, que é o dever de cada fiel que suspeitar que algo errado está acontecendo, voltemos a falar sobre o irenismo, especialmente após o ato de domingo (8 de junho 2014, Pentencoste) junto com Mahmud Abbas e Shimon Peres.

Este gesto, acompanhado de um breve discurso-oração, foi a convocação das mais altas autoridades de Israel e da Palestina a um ato de oração conjunta pela paz. Lá, o Papa pronunciou estas palavras:

Senhor, Deus da Paz, escutai a nossa prece.
Temos tentado muitas vezes e por muitos anos para resolver nossos conflitos com as nossas forças,  também, com nossas armas; tantos  momentos de hostilidade e escuridão; tanto derramamento de sangue; tantas vidas destroçadas; muitas esperanças abatidas
...

Mas os nossos esforços tem sido em vão. Agora Senhor, ajuda-nos. Dai-nos vossa paz, ensejamo-nos por vossa paz, guia-nos para a paz. Abra os nossos olhos e os nossos corações  e nos dê a coragem de dizer: “Não à guerra!"; "A guerra tudo destroi.” Inspire em nós a coragem de levar até o fim as ações concretas para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão, e os profetas, Deus que nos criou para amar e chamou-nos a viver como irmãos, dai-nos força para cada dia sermos artífices da paz; dai-nos a capacidade de olhar com bons olhos a todos os irmãos que estão em nosso caminho.

Faz-nos disponíveis para ouvir o clamor dos nossos cidadãos a pedir-nos para transformar nossas armas em instrumentos de paz, nossos temores em confiança, nossas tensões em perdão. Mantenha a chama da esperança acesa em nós, para lever-nos com paciência e perseverança a opção do diálogo de reconciliação para finalmente triunfar paz. E seja m banidas do coração de cada homem as palavras: divisão, ódio,guerra.

Senhor, desarme a língua e as mãos, renova os corações e mentes  de modo que a palavra que leva ao encontro seja sempre "irmãos", e o estilo de nossa vida torne-se shalom, paz, salam. Amen. ”

 Invocação para a Paz, Francisco, 08/06/2014.


Pio XII e a paz

Se um papa moderno teve que enfrentar uma terrível e devastadora guerra universal foi Pio XII. O mesmo que em seu Magistério condenou o erro do irenismo. Em sua breve mensagem com uma encíclica, por ocasião do Natal de 1947, quando tinham cessado as ações militares abertas, mas se sofria as conseqüências dela, e na Europa Oriental o comunismo esmagava toda a resistência cristã, o Santo Padre lembrou aos  bispos e fiéis:

Tenham todos em mente que os males que nos últimos anos tivemos de suportar foi baixado na humanidade, principalmente por causa da Religião Divina de Jesus Cristo, que promove a caridade mútua entre os homens, povos e nações, não foi, como deveria ser, a regra de vida privada famíliar e pública.

Se, pois,  perdeu-se o reto caminho, afastando-se Jesus Cristo, é necessário voltar a Ele, tanto na vida privada como na vida pública. Se o erro escureceu as mentes, voltemos para a verdade revelada por Deus, que nos mostra o caminho  do céu.

Se, finalmente, o ódio tem frutos amargos de morte, é preciso reacender o amor cristão, o único que pode curar muitas feridas fatais, superar tantos perigos, amenizar angústias e sofrimentos
.”

Carta Encíclica Optatissima pax de 1947

Como pode ser visto sem dificuldade, o ensinamento tradicional da Igreja não incentiva a guerra, e tem grande respeito pela paz. O nome deste documento Optatissima pax, é eloqüente: A paz tão desejada, desejadísima paz, é o desejo também  do Vigário de Cristo, como muitas vezes durante a Guerra Mundial que começou quando ele havia assumido o papado e tinha como objetivo militar a própria Cidade Santa.

Mas o desejo tão ardente não ofuscou  sua mente e intimidou a sua palavra, que deve ser um farol para humanidade, diante as exigências do politicamente correto. Assim, o Papa recorda que se chegou ao extremo de crueldade  que conhecemos durante a IIª Guerra Mundial porque a Religião Divina de Jesus Cristo ... não era, como deveria ser,  a regra de vida privada e pública.

Não é possívele encontrar na oração de Francisco nada que se faça lembrar a  primazia excludente da Religião Divina de Jesus Cristo como a única fonte de paz, paz de Deus, não a paz do mundo.

A paz mundial

No domingo de Pentencoste, foi lido o discurso do Evangelho onde Nosso Senhor promete a vinda do Espírito Santo. Sua paz se distingue expressamente da falsa paz do mundo. “A minha paz vos deixo, a minha paz vos dou, não como o mundo a dá.” Jo. 14, 27. O contraste é explícito e claro. “A minha paz, diz o Senhor Jesus Cristo, NÃO é a paz do mundo.

Então, quando revemos alguns dos tantíssimos intentos dos papas conciliares para levar propostas de paz, vemos com lementações que a paz que eles parecem invocar permanentemente é paz do mundo: o diálogo, a negociação, o entendimento superador... Tudo isso não passa de uma ilusão, ou um instrumento de habilidade política, se por trás daqueles que decidem e também os povos que governam não tiver uma vida  virtuosa da ensinada pela religião de Jesus Cristo, cuja caridade divina é a única que pode tocar os corações para fazer justiça,  perdoar, e fazer o que nenhum mestre humano tem proposto, que até ultrapassa o estrito dever de justiça: amar seu inimigo.

Indiferentismo e irenismo

Alguém pode se perguntar se esta oração ao "Senhor", com Francisco ladeado por um judeu e um muçulmano, não é uma invocação da paz de Cristo. E poderia mesmo ser respondida sim, mas eu estaria caindo no mesmo erro daqueles que nos propõem, desde as  lojas maçônicas do século XVIII com a ONU e outras agências globalistas destes tempos de paz do mundo: o erro do indiferentismo religioso.

É muito claro que os papas conciliares admitem, nem sempre de forma explícita, mas implicitamente que Deus, o único verdadeiro, o Pai de Jesus Cristo, é o mesmo que dizem adorar os judeus e muçulmanos. Talvez, se lhes perguntassem com detalhes, responderiam que eles fazem no sentido que é permitido pelo dogma católico. Mas o que se entende de seus ditos públicos, o que é entendido pela maioria, é que se trata do mesmo Deus.

Só que o Pai não pode ser adorado se não pelo Filho. “Eu sou o Caminho, a Verdade ea Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”. (Jo 14, 6) E o Senhor acrescentou: "Se vós me conheceis, também conhece meu Pai". O que implica que, "ninguém vem ao Pai, senão por mim."

Será que é tão difícil de entender um texto de clareza esmagadora?


Assim, se algo não pode ser subestimado pela paz (sempre relativa, porque o pecado e seus frutos; a doença, a pobreza, a injustiça, etc. só podem ser aliviados, neste mundo, mas, alívio pleno, só no céu), se algo não pode faltar em um apelo pela paz liderado por um Vigário de Cristo, é uma indicação de que só é possível chegar a um entendimento sobre o ódio, sobre bases permanentes que são possíveis dentro da fragilidade humana, colocando a fundação da pedra fundamental da Religião divina de Jesus Cristo. E que, separar-se dela  tanto na vida pública como na vida privada, leva necessariamente a aumentar as misérias humanas, e as formas de crueldade, atropelando toda razão e justiça.

Quando se diz que as guerras são punição para o pecado dos homens, é bem dito. O pecado nos separa da verdade e das obras decorrente da luz da verdade. Escurecem as inteligências e fomentam o ódio nos corações. Isto é o que vivemos em todos os países, em diferentes graus e com manifestações variadas. Parece certo que continuar neste caminho, o ódio chegará ao extremo como temos visto em vários lugares, como no Oriente Médio e na Europa ou na própria África, mas de uma forma generalizada. E na medida em que os papas e a hierarquia se enganam e enganam os fiéis e todos os homens com falsas promessas de paz, o caminho do desastre torna-se irreversível.

Este é o critério pelo qual julgamos o ato de domingo na Santa Sé: o que o Magistério sempre nos ensinou: não há paz possível sem aceitar Jesus Cristo como Senhor das Nações e sua doutrina como inspiração das leis na sociedade civil. Não há paz, não há shalom nem salam quando se deixa de fora  a caridade de Cristo, será uma paz de cemitérios, de campos de concentração, de oprimidos e opressores. Uma falsa  paz sustentada na injustiça. Ou uma mera paz de publicidade e atos vazios, flutuando em bater corações palpitantes de ódio e desejo de vingança.

Que Deus ilumine a mente e  o coração do Vigário de Cristo, a quem Santa Catarina de Sena chamou de “doce Cristo na terra” - para seguir a doutrina do Céu.


Fonte: Panorama Catolico - El Irenismo en la raíz del modernismo conciliar.

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