domingo, 2 de junho de 2013

Os dois Juízos


Jesus Cristo honra e engrandece Sua Igreja com três importantes ministérios: de Redentor, de Protetor, e de Juiz. Ele remiu o gênero humano pela Sua Paixão e morte, e que pela Ascensão Se tornou o perpétuo advogado e defensor de nossa causa. No Juízo, naquele dia supremo, Cristo Nosso Senhor, há de julgar todo o gênero humano.

As Sagradas Escrituras atestam que são duas as vindas do Filho de Deus. A primeira foi quando assumiu carne, para nos salvar, e Se fez Homem no seio da Virgem; a segunda será, quando vier para julgar todos os homens, na consumação dos séculos.
Nas Escrituras, esta segunda vinda se chama “Dia do Senhor” (1Pd 3,10), do qual diz o Apóstolo: “ O Dia do Senhor há de vir como um ladrão de noite” (1 Ts 5,2). “Aquele dia, porém, e aquela hora, ninguém os conhece” – declara o próprio Salvador (Mt 24,36).

Em prova do Juízo Final, basta citar esta passagem do Apóstolo: “ Todos nós  teremos de comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba em retribuição do bem ou mal, que tiver praticado em sua vida terrena” (2 Cor 2,5; Rm 14,10).

Juízo Particular. Antes de falar no Juízo Particular, negado pelos hereges, precisamos entender a constituição do ser humano.

A biologia mostra que o início da vida humana se da no momento em que o espermatozoide masculino fecunda o óvulo feminino (concepção). Neste momento, nos ensina a Igreja , que Deus infunde no homem a alma racional, que na verdade é a própria vida, por isso o ser humano é um ser animado ( dotado de ânima (latim) = alma (hebraico) = vida (português)).
Agora que sabemos que a vida não é própria do corpo material – se fosse, uma cadeira seria um ser animado também – e sim da alma, esta que sustenta o corpo, devemos lembrar que realidades opostas não ocorrem simultaneamente (subir e descer, seguir a direita e esquerda ao mesmo tempo), logo, sendo a alma a própria vida, esta é imortal, na saída da alma o corpo vem a óbito, pois é só matéria animada.  
OBS: A alma humana por ser espiritual é imortal ao contrario dos animais e vegetais, que também tem alma, porém, estas são irracionais não tem potência intelectiva por isso se encerram junto com a vida dos mesmos. 

Diante do exposto, fica claro que, com o falecimento do corpo físico, a alma imortal que o dava vida terá que viver eternamente em algum lugar, daí vem  das Escrituras a revelação do Juízo Particular: Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo (Hb 9,27), se o corpo já está sem vida, é lógico que esse juízo pós morte é da alma.
A primeira ocasião é o momento em que cada um de nós deixa este mundo; a alma é levada incontinente ao tribunal de Deus, onde se examina com a máxima justeza, tudo o que o homem jamais fez, disse, e pensou em sua vida. Este é o Juízo Particular.
  O Juízo Universal. A segunda ocasião, porém, há de ser quando todos os homens terão que comparecer juntos no mesmo dia e no mesmo lugar, perante o tribunal do juiz, para que, na presença de todos os homens de todos os séculos, cada um venha saber a sentença, que a seu respeito foi lavrada.
Para os ímpios e malvados, esta declaração de sentença não constituirá a menor parte de suas penas e castigos; ao passo que os virtuosos e justos nela terão uma boa parte de sua alegria e galardão. Naquele instante, será pois revelado o que foi cada indivíduo, durante a sua vida mortal. Este Juízo chama universal.
A necessidade do Juízo universal se deve pois, os mortos deixam às vezes filhos que  imitam os pais; parentes e discípulos que seguem e propagam seus exemplos em palavras e obras. Esta circunstância deve aumentar os prêmios ou castigos dos próprios mortos, para que cada qual veja o alcance de suas responsabilidades sociais.
Tais influências, de caráter benéficos ou maléficos, não acabará senão quando romper o último dia do mundo. Convinha, pois,  uma perfeita averiguação. O que, porém, não seria possível sem um julgamento geral de todos os homens.
Outro motivo ainda. Muitas vezes, os justos são lesados em sua reputação, porquanto os ímpios passam por grandes virtuosos. Pede a divina justiça que, numa convocação para público julgamento de todos os homens, possam os justos recuperarem a boa fama, que lhes foram iniquamente roubada aos olhos do mundo.
Além disso, em tudo o que façam durante a vida, os bons e os maus não prescindem da cooperação de seus corpos. Daí decorre, necessariamente, que as boas ou más ações devem atribuir-se também aos corpos, que delas foram instrumentos.
Era, pois, de suma conveniência que os corpos partilhassem, com as almas, dos prêmios da eterna glória ou dos suplícios. Isto so pode acontecer com a ressurreição de todos os homens num julgamento universal.
Como a fortuna e a desgraça, não fazem escolha entre bons e maus, era necessário provar que tudo é dirigido e governado pela infinita sabedoria e justiça de Deus. Convinha, pois, só reservar prêmios aos bons e castigos aos maus, na vida futura, mas também decretá-los num juízo público e universal, que os tornasse mais claros e evidentes a todos os homens.
Desta forma, todos renderão louvor a Deus pela sua justiça e providência, em desagravo daquela injustiça ou queixa com que as vezes os próprios Santos, por fraqueza humana, ao verem os maus na posse de grandes cabedais e dignidades.
O profeta dizia: “Meus pés estiveram a ponto de vacilar. Por pouco se  não se transviaram os meus passos, porque me enchi de zelo contra os maus quando observava a vida bonançosa dos pecadores” (Sl 72,12-14).
Por conseguinte, era preciso haver um Juízo Universal, a fim de que os homens se não pusessem a comentar que Deus passeia pelos quadrantes do céu, e que pouco Lhe dar a sorte das coisas terrenas (Jó 22,14).
Sobretudo, era mister que a lembrança do juízo alentasse os bons, e aterrasse os maus. Conhecendo a justiça de Deus, aqueles não viriam a desfalecer; estes seriam arredados do mal, graças ao temor e à expectação dos eternos castigos.
O Juiz. A Cristo Nosso Senhor foi entregue o julgamento, não só enquanto Deus, mas também enquanto homem. Ainda que o poder de julgar é comum a todas as Pessoas da Santíssima Trindade, contudo o atribuímos ao Filho de modo particular, por dizermos que Lhe compete também a sabedoria. Uma declaração do Senhor confirma que Ele, enquanto Homem, há de julgar o mundo: “ Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim concedeu também ao Filho ter a vida em Si mesmo; conferiu-Lhe o poder de julgar, por que é o Filho do Homem”(Jo 5,26).
Fica muito bem que esse Juízo seja efetuado por Cristo Nosso Senhor. Já que os julgados são homens, ser-lhes-á possível ver o juiz com os olhos corporais e com os próprios ouvidos escutar a sentença que lhes for lavrada.
De mais a mais, era de suma justiça que aquele Homem, que fora condenado pela mais iníquas das sentenças humanas, crucificado e morto pelos Judeus, tomasse assento à vista de todos, para julgar todos os homens.
Como sinais que precedem o Juízo, as Sagradas Escrituras enumeram três principais: a pregação do evangelho pelo mundo inteiro, a apostasia e o anticristo.
Com efeito, assim falou Nosso Senhor: “ Será pregado este Evangelho do Reino por todo o mundo, para servir de testemunho a todos os povos, e depois a de vir a consumação” (Mt 24,14). E o Apóstolo nos adverte que ninguém se iluda, “como se o Dia do Senhor” (1Ts 2,2); porquanto não se fará o Juízo, “ sem que venha antes a apostasia, e tenha aparecido o homem do pecado” (2Ts 2,3).
Sentença dos bons. Cristo Nosso senhor lançará um olhar de jubilosa complacência para os justos colocados à direita, e com extremos de bondade lhes dirá a seguinte sentença: “Vinde, benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino, que vos está preparado desde o princípio do mundo” (Mt 25,34). Esta sentença chamam os bons e justos, da labuta ao descanso, deste vale de lágrimas aos cimos da alegria, das tribulações à eterna bem-aventurança, que eles merecem por suas obras de caridade.

Sentença dos maus. Àqueles que estarão à esquerda, lançará sobre eles o rigor de Sua Justiça: “ Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno que foi preparado ao demônio e seus anjos” (Mt 25,41).As palavras – “apartai-vos de mim” – exprimem a maior das penas que atingirá os maus, quando forem lançados o mais longe possível da presença de Deus.
A pena do dano. É a pena que os teólogos assim chamam porque os réprobos no inferno ficarão para sempre privados da luminosa visão de Deus.
O acréscimo “malditos” agrava-lhes a miséria e desgraça de uma maneira pavorosa. Como não lhes é dado esperar consolo semelhante para mitigar sua desgraça, de pleno direito a justiça divina os perseguirá, com todas as maldições, a partir do momento em que são repudiados.
A pena dos sentidos. Seguem-se as palavras: “ para o fogo eterno”. É a segunda pena, porque empolga os sentidos do corpo, como acontece nos açoites e flagelações, e outros gêneros mais pesados.
A tortura do fogo causa a intensa sensação de dor. Como tal suplício deve durar para todo o sempre, temos uma prova de que o castigos dos réprobos concentra em si todos os suplícios possíveis.
As últimas palavras: “ que foi preparado para o demônio e seus anjos”. Por índole nossa, não sentimos tanto sofrimentos, quando temos algum parceiro a repartir conosco o infortúnio, e que até certo ponto nos assiste e conforta, com sua prudência e bondade. Qual não será, porém, a miséria dos condenados uma vez que, uma vez que em tantas aflições não poderão jamais apartar-se da companhia dos mais perversos  demônios?

Catecismo Romano. I Parte: Do Símbolo dos Apóstolos; Artigo 7.



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