domingo, 12 de agosto de 2012

Do Quarto ao Sexto Mandamentos


Continuação dos Mandamentos


Os 3 primeiros mandamentos se referem diretamente ao nosso fim, que é Deus. Estes nos ensinam a caridade com o próximo; tomados, porém, em sua plena extenção, levam igualmente a Deus, que é a razão de amar nosso próximo.

São João diz: " Quem não ama seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê ?(1 Jo 4,20).


Quarto mandamento

"Honra teu pai e tua mãe, para teres vida longa na terra, que o Senhor teu Deus há de te dar."

Esse preceito é muito vasto. Além daqueles que nos geraram, muitas são as pessoas que devemos venerar, como se fossem nossos pais, em razão de sua autoridade (2 Rs 5,13), de sua posição (1, Cor 4,15), de sua benemerência (Sr 4,10) de seu cargo ou função importante, que, por sua vez, devem dividir a tarefa dos pais, cujo cuidado principal, é conseguir que seus subordinados tenham uma vida honesta, enquadrada na Lei Divina.

Devemos amar nossos pais de modo que esse amor se refira ao Pai Celeste que é o Pai criador de todos os homens, mas sem perder de memória a advertência: " É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens" (At 5, 29).

Também são nossos pais, os Superiores Eclesiásticos, àqueles que receberam uma jurisdição, uma delegação de poderes, o governo geral da Nação.

Outrossim, chamados de "pais", tutores, educadores, curadores, Reis, Príncipes, magistrados, mestres e anciãos. Sempre necessário lembrar, que, em primeiro lugar os pais que nos puseram no mundo, pois a eles é que a Lei Divina se refere de modo particular. A honra que tributamos-lhes se refere a Deus , pois os homens acatam a preeminência do cargo, por ser esta um reflexo de Deus que, confiando-lhes um exercício de um cargo público, se serve deles como ministros do Seu poder.

Honramos nossos pais, quando nos afervoramos em pedir a Deus para que tudo lhes corra prosperamente. Abonam essa doutrina os exemplos de pessoas muito virtuosas. Isaac submeteu-se, humilde e sem relutância, quando seu pai ia levá-lo ao holocausto (Gn 22, 9).

Honramos nossos pais, imitando-lhes os bons exemplos e costumes, e também quando pedimos e colocamos em práticas seus conselhos.

Honramos igualmente nossos pais, quando os socorremos, ministrando-lhe o necessário para a sua mantença e posição social.

Os deveres da piedade filial devemos cumpri-los, sobretudo quando os pais caem em doença perigosa. Cumpri-nos cuidar que nada se omita a respeito da Confissão e dos mais Sacramentos, que todos os cristãos devem receber quando a morte está iminente.

Devemos fortalecê-los e aconselhá-los quando enfraquecidos na fé.

Presta-se honra aos pais , quando falecidos, fazendo-lhes os funerais, promovendo condignas exéquias, preparando uma honesta sepultura, garantindo os sufrágios e Missas aniversárias, executando fielmente as últimas vontades.

OBS 1. Por mais estranho que pareça, nunca poderá haver uma razão suficiente para negar às autoridades o devido respeito, ainda que nos persigam com rancor e hostilidade. Davi no-lo dá a entender com as palavras: " eu era pacato com os que odiavam a paz"(Sl 119, 7).
Contudo, principalmente em tempos de laicismo, não podemos obedecer-lhes de maneira alguma, quando dão ordens ímpias e injustas, porque não o fazem de acordo com seus poderes, mas por injustiça e maldade.

OBS 2. Deus deixou, também, penas gravíssimas aos filhos ingratos e impiedosos. Pois está escrito: " Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe, seja punido de morte" (Ex 21, 17). " E quem acabrunha seu pai, e foge de sua mãe, é um infame e desgraçado"(Pr 19,26). " Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe, verá sua candeia apagar-se no meio das trevas" (Pr 20,20).

Daqueles, porém, que não obedecem aos sacerdotes, está escrito: " quem se ensoberbece, não obedecendo ao sacerdote, que nesse tempo ministra ao Senhor teu Deus, tal homem seja, por sentença do juiz, condenado à morte" (Dt 17,12).

Quinto mandamento
"Não Matarás"

Após o imenso Dilúvio Universal, a primeira e a única proibição que Deus impôs aos homens foi esta: " O sangue de vossa vida, Eu o vingarei da mão de todos os animais, e da mão do próprio homem (Gn 9,5).

O pecado do homicídio é tão atroz e Deus se aborrece a tal ponto, que promete castigar até animais pela morte dos homens, e manda matar o animal que ferir algum homem (Gn 9,5; Ex 21,28).
São os homicidas os mais encarniçados inimigos do gênero humano, e de toda a natureza, por cujo amor Deus declarou ter criado tudo o que existe (Gn 1,26).

Quanto ao autor de um homicídio, a todos é proibido matar, sem nenhuma seleção ou distinção de pessoas, por mais humilde e desprezível que seja a vítima, todas são protegidas por este Preceito.

Não é permitido suicidar-se, porque ninguém dispõe assim da sua vida, que possa a sua vontade procurar a morte com a própria mão. O Preceito não tem por teor as palavras: "não mate o outro", mas diz simplesmente: "Não mates".

É também absolutamente ilícito dar ocasião a um homicídio, por meio de conselho, dinheiro, cooperação pessoal, ou qualquer outra maneira.

Não é lícito irar-se contra o próximo, como diz Nosso Senhor: " Todo aquele que se enraivecer contra seu irmão, será réu perante o juízo. Quem disser "raca" e chamar seu irmão de "louco", será réu do fogo do inferno" (Mt 5,22), ainda que reprima a cólera dentro de si mesmo. Todavia, muito mais grave é a falta de quem não receia tratar seu irmão com palavras injuriosas. Porém, esse pecado só se verifica quando não há nada que possa justificar nossa indignação. Perante a Deus e Suas Leis (Sl 4,5; Ef 4;26), temos razão de alterarmos, toda vez que corrigimos alguém por causa de suas faltas.

Comete homicídio, senão de fato, ao menos pelo desejo do coração. A cólera do cristão não deve proceder dos sentidos carnais, mas da ação do Espírito Santo, já que nos compete a dignidade de "templos do Espírito Santo" (1 Cor 6,19), nos quais habita Jesus Cristo (Ef 3,17).

Nesse Preceito o ódio também é proibido, porque "é homicida aquele que odeia seu irmão" (1Jo 3,15), segue-se necessariamente que isso também inclui o preceito do amor e da caridade.

Os serviços de caridade e bondade, tornam-se muito mais grandiosos, quando prestados aos inimigos, "Amai aos vossos inimigos e fazei bem aos que vos odeiam ( Mt 5, 41).

Esse preceito nos orienta a perdoar as injúrias, para abranger em si toda a plenitude da caridade, consiste em esquecermos e perdoarmos, de bom coração, todas as injúrias recebidas. Não só são chamados de bem aventurados os que perdoam sinceramente (Mt 5,4), mas também já alcançaram de Deus o perdão dos seus pecados (Mc 11,25; Cl 3,13). Outra vantagem é que conseguimos certa nobreza e perfeição da alma; Pois o perdão das injúrias nos torna, de certo modo, semelhante a Deus, " que faz nascer o Seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos" (Lc 6,35).

OBS 1:A biologia descobriu que a vida começa com a fecundação entre os gametas masculinos e femininos, sendo assim, sabendo que os contraceptivos provocam aborto por destruir a vida em seu início (pílulas anticoncepcionais, DIU), se enquadram entre homicidas, os usuários de tais abominações, excetuando-se os que usam pílulas para um outro tratamento médico.

OBS 2. Não é proibido matar animais. Se Deus permitiu aos homens que se alimentassem deles, também permitiu que os matassem.

Explica Santo Agostinho: " Não matarás" não entendemos que se refira às plantas, porque não tem nenhuma sensação; nem aos seres brutos irracionais, porque não se ligam a nós por nenhuma relação de sociedade".

OBS 3. Executar criminosos. É uma espécie de morte lícita, pois compete às autoridades. Foi-lhes dado o poder de condenar à morte, pelo que punem aos criminosos e defendem os inocentes, de acordo com sentença legalmente lavrada.

Se o fim da Lei é garantir a segurança e vida dos homens, as sentenças capitais dos magistrados obedecem a mesma finalidade, enquanto eles são legítimos vingadores dos crimes, reprimindo a audácia e violência mediante a pena de morte, não podendo assim serem culpados de homicídio; pelo contrário, são fiéis executores da Lei Divina, que proíbe matar.

OBS 4. Matar em guerra justa. Não pecam aqueles que, em guerra justa, tiram a vida dos inimigos, não por cobiça ou crueldade, mas unicamente por amor da causa comum de seu povo (Suma Teológica II-II Q 40 art 4).

OBS 5. Matar por acidente. Não infrige esse Preceito quem mata um homem por mera casualidade. Como ocorrem sem nenhuma intenção ou premeditação ou ódio, não entram na categoria de pecados. Ver um exemplo em Dt 19,4.

Porém, no homicídio acidental , pode haver pecado quando: uma pessoa mata a outra numa ação injusta. Por exemplo, agredir outra pessoa e esta venha a óbito. Não foi intenção do autor, mas ele não deixa de ter culpa porque, como já vimos, é ilícito agredir outra pessoa.

Segundo, quando alguém mata outro por negligência e descuido por não tomar os cuidados necessários.

OBS 6. Legítima defesa. É evidente que não transgride esse preceito, quem mata outra pessoa, em defesa de sua própria vida, se tiver usado todas as precaussões necessárias (Não ferir mortalmente, se um golpe leve basta para neutralizar a agressão. Não será lícito matar alguém para defender a própria honra, sua fama ou evitar sentença injusta).

Sexto Mandamento
" Não Cometerás adultério"

Sendo o mais estreito possível o vínculo que une marido e mulher, nada pode haver de mais agradável para ambos, do que a certeza de se amarem mutuamente com um amor exclusivo. De outro lado, nada lhes é mais penoso do que sentir como esse amor é legítimo e obrigatório se desvia deles, para aplicar as outras pessoas.

Esse preceito interdiz a luxúria e o adultério, para que ninguém se atreva, pelo crime do adultério, a profanar e a destruir a santa e nobre união do Matrimônio, que costuma ser uma grande fonte de caridade.

O adultério é proibido por ser uma violação do leito conjugal, quer seja alheio, quer seja próprio. Se uma pessoa casada peca com uma solteira, profana seu matrimônio. Se uma pessoa solteira peca com o cônjuge alheio, profana o matrimônio alheio.

Santo Ambrósio e Santo Agostinho ensinam que, sobre a proibição do adultério, está ligado tudo o que seja desonesto e impuro.

No Gêneses tem a sentença de Judá contra sua nora (Gn 38,24). No Deuteronômio contém a esclarecida Lei de Moisés de que entre as filhas de Israel não houvesse nenhuma mulher perdida (Dt 23,17). Tobias exorta seu filho: " Guarda-te ó meu filho de toda impureza"(Tb 4,13). O Eclesiástico diz por seu turno: " Envergonhai-vos de fixar os olhos em uma mulher de má vida" (Sr 41, 21,25).

Cristo Nosso Senhor também diz no Evangelho, que do coração procedem os adultérios e os atos de luxúria, que maculam o homem (Mt 15,19). São Paulo condena muitas vezes este vícios com severas expressões: "Fugi da impureza" (1 Cor 6,18). "Não vos comuniqueis com os luxuriosos"(1 Cor 5,9). " A luxúria porém, e toda espécie de impureza e cobiça, nem sequer de nome seja lembrada entre vós" (Ef 5,3). " Nem os impuros, nem os adúlteros, nem os sodomitas, possuirão o Reino de Deus" (1 Cor 6 9,10).

Este preceito engloba qualquer luxúria íntima do coração, pois, Cristo Nosso Senhor, declarou as seguintes palavras: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo que todo homem que olhar com maus desejos para alguma mulher, já cometeu adultério com ela em seu coração"(Mt 5, 27-28), logicamente serve para a mulher também. Em tempos de sensualidade os requintes da moda agradam muito a vista, mas provocam não raro fortes tentações impuras, deve-se lembrar que a forma vulgar de se vestir da mulher (calça colada, blusas decotadas , saias e short curtos, roupas de banho em público) despertam o desejo dos homens causando a condenação eterna de muitos só pela cobiça, a mulher que assim se veste, responderá em juízo pela perdição alheia, o que poderá causar a ruína dela própria.

Acresce a esta provocação da luxúria, as conversas torpes e obscenas. As palavras obscenas são como um facho que põe a arder o coração dos adolescentes. " As más conversas, diz o Apóstolo, corrompem os bons costumes" ( 1 Cor 15,33).

Piores ainda, surtem as festas e músicas sensuais e voluptuosas que degeneram e corrompem o ser humano despertando os seus instintos mais baixos (rock, pagode, funk, axé, reggae, samba, forró, rap etc). Devem ser evitadas com maior escrúpulo.

Nesta categoria entram também os livros obscenos e romances amorosos, e as pervertidas novelas. É um dever evitá-los, bem como imagens indecentes, por que tais coisas arrastam, com maior violência, a prazeres sensuais, e inflamam para o mau o coração do homem.

Devemos evitar também os olhares indiscretos, pois, muitas vezes, ateiam a luxúria no coração. A isso alude as palavras de Nosso Senhor: Se teu olho for ocasião de pecado, arranca-o e lança para longe de ti"( Mt 5,29).

Os que não equilibram os prazeres da comida e bebida (Intemperança) podem cair em adultério. " Eu os saciei e eles cometeram adultério, diz o profeta"(Jr 5,7). O ventre cheio e saturado provoca sensualidade.

A embriaguez também é fonte de luxúria e o Apóstolo também diz: " Não vos embriagues com vinho, pois nisso há luxúria" (Ef 5,18)." Os bêbados não entrarão no Reino dos Céus" (1 Cor 6,10). Devemos deixar claro que se trata do consumo exagerado de bebida alcoolica e não seu uso moderado.

Consideram-se também adúlteros, os que sustentam meretrizes e concubinas, os que adulteram a finalidade moral do sexo que é ser feito exclusivamente entre um homem e uma mulher somente após a realização do Sacramento do Matrimônio.

OBS 1. A função biológica do sexo é a geração de filhos e a preservação da espécie. Os filhos são bênçãos de Deus que serve para fortalecer ainda mais a união conjugal e aumentar o amor e colaboração entre os esposos. Ainda que legitimamente casados, cometem adultério o cônjuge que usar artifícios (contraceptivos, vasectomia, ligadura de trompas, camisinha) para evitar ter filhos, pois, a relação se torna um mero instrumento de prazer pessoal fechada a finalidade por Deus estabelecida.

OBS 2. Os que estão apenas em união civil ou "morando juntos" se enquadram também entre os adúlteros, pois não foi o matrimônio instituído pelas leis civis, e sim, por Deus, e Sacramentado por Nosso Senhor.

O principal meio interno de combater esse pecado é reconhecermos o quanto ele é torpe e funesto. Trata-se de um vício pernicioso, podemos averiguá-lo pelo fato de serem os homens totalmente excluídos do Reino de Deus para o fogo eterno, em consequência desse pecado (Gl 20, 19-5). Por isso representa a maior de todas as desgraças.

Sem dúvidas, tal desgraça de per si é comum a todos os pecados mortais; mas, neste pecado, ela oferece uma nota particular. Quem o comete, peca contra o próprio corpo. Assim ensina o Apóstolo: " Fugi da luxúria! pois qualquer outro pecado fica fora do corpo; mas quem se entrega à luxúria, peca contra o próprio corpo" (1 Cor 6,18).

No dizer do mesmo Apóstolo, o cristão é " um templo do Espírito Santo" (1Cor 6,19). Ora, violar esse templo pela luxúria não é outra coisa senão expulsar dele o Espírito Santo.

Ora, como o temor da infâmia é muito eficaz para levar o homem à prática da obrigação, e para desviar das coisas proibidas, a pessoa deve ficar ciente que o adultério imprime nos homens um pesado sinal de desonra pública. Assim declara a Sagrada Escritura: " O adúltero perderá sua alma, por causa da loucura do seu coração. Acumula para si a infâmia e a desonra, e sua vergonha jamais desaparecerá" (Pr 6,32).


Meditar os castigos da luxúria.


Podemos medir a gravidade deste crime pela severidade do seu castigo. Por prescrição do Senhor, no Antigo Testamento, os adúlteros eram apedrejados (Lv 20-10; Js 8,5).

Às vezes por causa de um único ato libidinoso, foi exterminado não só o delinquente, mas a cidade inteira de Siquém (Gn 34). A destruição de Sodoma e outras cidades vizinhas (Gn 19), a execução dos israelitas que pecaram com as filhas de Moab no deserto (Nm 25), a destruição da tribo de Benjamim (Jz 20).

Os luxuriosos não respeitam absolutamente a Deus, nem a boa fama, nem a dignidade pessoal, nem a condição dos filhos, nem sequer a própria existência. Como disse Ozéias, esse pecado arrebata o coração do homem e o leva a cegueira (Oz 4,11).


Catacismo Romano.